Efésios 2:1-3

A Romantização da Cultura

Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção a remissão dos pecados (Cl 1:13-14).

Existe hoje uma forte reação contra o paternalismo e colonialismo missionário do passado, como conceitualizado por alguns historiadores. (Graças a Deus, com novas pesquisas estamos descobrindo que não era tão mal assim, e que muitas coisas maravilhosas aconteceram no passado, inclusive a evangelização dos nossos antepassados!) Esta reação tem colocado o conceito de “cultura” no centro das preocupações e investigações.

“Cultura” significa o conjunto de relacionamentos, pressupostos, crenças, valores, instituições, organizações e produtos – todos os costumes aprendidos de um determinado povo. Como houve, e há ainda, ignorância e desinteresse pela cultura da parte dos missionários, muitas vezes as coisas boas do povo receptor ficam perdidas ou ignoradas, e outras vezes as coisas nocivas passam despercebidas.

Recentemente a ênfase girou para o outro lado. Agora a cultura é considerada boa na sua totalidade e normativa e tem que ser preservada em todos os seus aspectos, inclusive a religião do povo. Esta posição se chama “posição radical de contextualização”, ou o “C-5” (em comparação com o “C-1”, onde a cultura não seria importante).

Paulo não tinha a posição C-1 ou C-5, nem a Bíblia tem em toda sua extensão. Há apenas um Deus, e fora dEle o nosso mundo é gerenciado por um príncipe muito maligno. É este príncipe que influencia as culturas do mundo, pois “o curso deste mundo” é “segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2:2). Nosso mundo é “trevas” e os “dias são maus” (Ef 5:8-16). Só o amor de Deus e a redenção de Cristo pode nos livrar da prisão que é a cultura e o “mundo” (Ef 2:1-5).

Por isso devemos desconfiar daquilo que é cultura, nossa ou de qualquer outro povo. Devemos ter olhos para ver as coisas contra a vontade de Deus e devemos tomar posição coerente com nossa natureza em Cristo – ser luz! Não somos presos à moda, à televisão e seus valores quase totalmente escuros, o que os amigos fazem ou o que os outros pensam. Somos livres e temos uma missão neste mundo – a missão de sermos diferentes, revestidos do “novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4:24). Não precisamos andar mais como o mundo, em vaidade, sem entendimento, na ignorância, duros de coração, insensíveis, impuros e sem Deus (Ef 4:17-19). Graças a Deus, é Ele próprio que nos dá esta força “no homem interior” (Ef 3:16-17) para nos livrar das tentações e do poder de Satanás em nossas vidas! Ele nos dá armadura para poder “resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Ef 6:13).

Jesus fez a mais radical contextualização quando Ele se fez homem e veio habitar entre nós. Ele chegou a submeter à tortura e à morte por nossa causa, mas não porque Ele gostava da nossa cultura. Ele veio transformar as nossas vidas e nossos relacionamentos. Nós temos a missão dEle. Ele passou para nós a responsabilidade de alcançar este mundo com a Luz e a promessa da salvação.