Desobediência Abençoada
As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como lhes ordenara o Rei do Egito; antes deixaram viver os meninos (Êx 1:17).
Além de desobedecer, as parteiras mentiram para o rei. Resultado: Deus as abençoou, elogiando-as e dando-lhes famílias.
Há uma questão que as pessoas, especialmente alunos de teologia e missiologia, sempre levantam: Raabe pecou em esconder os espiões de Israel e mentir sobre eles (Js 6)? Como Deus poderia ter abençoado uma pessoa assim? E as parteiras? Como poderia ter abençoado as parteiras por mentir?
Graças a Deus, é registrado que tanto as parteiras como Raabe fizeram bem em proteger as vidas dos nenês e dos servos do Senhor, pois foram abençoadas por Deus pela sua coragem e fé no Deus de Israel. Além disso, Raabe até teve o grande privilégio de entrar na linhagem do próprio Jesus Cristo.
Pensando bem, o princípio nestas duas ocasiões não é um legalismo rasa sobre mentira. O princípio tem a ver com temor a Deus, que tem autoridade acima de qualquer outro, em fazer a coisa certa! É colocar Deus em primeiro lugar. Mentir aqui não foi imputado como pecado por Deus, pois se Raabe ou as parteiras tivessem falado a verdade, teriam condenado os nenês e os espiões à morte, aí, sim. Moisés teria sido morto no ato de nascer e os espiões não poderia levar suas informações para Josué e o exército de Israel, salvando Raabe e sua família, ancestrais de Jesus.
Mentir para nosso próprio benefício é errado. Mentir por amor ou pela obediência a um princípio maior, é certo. Pense bem, sempre vai falar a verdade sobre a aparência da sua amiga um pouco desajeitada, sobre o sabor do almoço (não tão saboroso), ou sobre o coral que cantou entusiasmado, mas um pouco desafinado? Há momentos que é muito apropriado mentir, para o benefício do outro ou em obediência a Deus. Basta lembrar dos milhares de heróis através dos tempos que esconderam judeus dos nazis, cristãos da polícia secreta comunista, ou os próprios filhos dos assaltantes e assassinos.