Por que Naamã se Curvou?
(. . .) porque nunca mais oferecerá este teu servo holocausto nem sacrifício a outros deuses, senão ao Senhor (2 Rs 5:17b).
Esta história de Naamã e Eliseu tem servido como “prova” da contextualização radical, em que os crentes podem e até devem continuar com ritos e práticas das suas velhas religiões. Naamã pede permissão, ou pede desculpas a Eliseu porque ele sabe que vai precisar se curvar diante Rimom, deus dos sírios. William Lane, no seu comentário sobre este texto na Bíblia Missionário de Estudo (Sociedade Bíblica do Brasil, 2014, p. 330), diz que Naamã pediu desculpas porque ia precisar prestar culto ao Rimom.
O problema é que Naamã tinha acabado de declarar que nunca mais ia fazer isso. Ele explica por que ele vai abaixar diante do Rimom, uma razão muito clara, especialmente para pessoas como eu que, como trabalhadores de saúde, que ajudam pessoas enfermas, idosas e aleijadas todos os dias. Naamã era quem cuidava do rei, nas suas saídas e entradas. Se o rei baixava diante do Rimom, por necessidade quem estava ajudando e apoiando ele tinha que baixar também. Não era culto, era uma necessidade física de acompanhar outra pessoa sem deixá-la cair. Mas Naamã não estava muito confortável mesmo com isso, e mencionou o fato para Eliseu, que entendeu e o despediu em paz.
Esta história não abre a porta para atos e ritos de culto aos deuses dos povos, especialmente frente aos milhares de outros textos os proibindo.